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quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O que está por trás das mentiras de Guga Chacra e da imprensa em geral






Depois de muito pesquisar, inclusive na própria imprensa polonesa, percebo que há fortes paralelos entre o que aconteceu na comemoração da independência polonesa e o protesto de Charlottesville, quando vários diferentes grupos se expressaram e a imprensa tratou todos como nazistas simplesmente.
Eu fiz um artigo sobre o assunto que foi censurado pelo Facebook, além de me render uma suspensão na plataforma, injustamente.
O que ocorre é o seguinte: o socialismo globalista é a força política mais poderosa desde a queda do muro de Berlim, produzindo supressão das identidades nacionais e a concentração de poder. Importante não confundir globalização com globalismo. A globalização envolve a abertura de mercados e livre comércio entre nações independentes, o globalismo envolve a perda de identidade nacional em nome de um Estado único, de cunho socialista e concentrador de poder.
Podemos dizer que a União Europeia é o grande ensaio desse arranjo, onde temos uma organização não democrática sendo montada há décadas, tirando o poder regional, concentrando o poder nas mãos de burocratas não eleitos, que implementam um regime socialista, com altos impostos e regulamentação, tirando a soberania do povo, como ficou claro na abertura das fronteiras para milhões de muçulmanos com uma cultura hostil aos valores europeus.
A Brexit, a eleição de Trump e os governos conservadores no Leste Europeu, além do crescimento do movimento conservador na Alemanha e na França fazem parte de contra-movimento que tem como objetivo final a defesa dos valores conservadores, das nações livres e autodeterminadas.
Os arquitetos do governo mundial enxergam nesses movimentos a maior ameaça ao seu projeto e precisam desqualificá-los de todas as formas. Usam para isso o quase monopólio que possuem na imprensa, além do controle sobre as grandes empresas de internet como arma para atacar os movimentos de oposição ao globalismo, tratando-os como fascistas e racistas.
Esse controle da narrativa não se dá de forma direta. Não há uma reunião desses sujeitos que resulte numa ligação para o “jornalista” Guga Chacra ou ao seu editor, com uma ordem para que ele publique uma mentira: “60 mil nazistas marcharam na Polônia”. Simplesmente não é assim que esse controle é exercido.
Praticamente todas as grandes universidades do mundo ocidental são controladas pela esquerda há muito tempo. Os estudantes ali são submetidos à lavagem cerebral constante sobre a importância do multiculturalismo, da igualdade e da luta contra as “injustiças sociais”.
Quando formados, esses sujeitos vão ocupar posições de destaque na imprensa e poderão defender os ideais socialistas automaticamente. Se falharem na tarefa, há o segundo nível de controle, que é a propriedade dos meios de comunicação por meio dos globalistas. Quem não está desalinhado com a mensagem é reprimido ou mandado embora.
Quando Guga Chacra escreve que “60 mil pessoas participaram de manifestação nazista”, ele sabe que isso é uma mentira. Mesmo um sujeito limitado saberia que num país destruído pelo nazismo e pelo comunismo, nenhuma dessas ideologias teria grande apelo. Mais do que isso, essa simples afirmação é uma grave ofensa para os descendentes dos milhões de poloneses mortos ou violentados pelos nazistas durante a ocupação do país na Segunda Guerra.
O que Guga faz é pegar um fragmento de verdade, a participação de alguns grupos supremacistas brancos e antissemitas na passeata, uma minoria pelo que se observa nas fotos, e transformá-los em “nazistas”. Por mais abjetos que sejam esses grupos, eles não são nazistas, tampouco representam a mensagem defendida pela esmagadora maioria dos participantes do evento. Esse processo utilizado por Guga recebe o nome de desinformação.
O objetivo de Guga é o ativismo político. Ele é um socialista globalista como quase todo o resto dos seus colegas e está disposto a distorcer informações e mentir para defender a sua visão de mundo. A grande imprensa no mundo inteiro virou isso. Além da maior parte dos jornalistas se enxergarem como “justiceiros sociais” hoje em dia, aqueles que não compartilham do mesmo sentimento acabam atuando dessa forma pois sabem que as chances de sucesso na empresa onde trabalham depende do seu alinhamento com a maioria. Ou seja, quem não age assim por “princípio”, o faz por mero pragmatismo. Resumindo, a imprensa morreu, virou apenas um braço da esquerda.
A internet tem se transformado numa válvula de escape para o verdadeiro jornalismo, mas aí vem o terceiro nível de controle, que usa a revolução cultural em conjunto com o controle político para suprimir a livre manifestação do pensamento. Culturalmente, as pautas esquerdistas atingem o status artificial de “paradigma moral”, como a ideologia de gênero, a libertinagem sexual, o aquecimento global, a “injustiça social”, o feminismo, entre outras, através da atuação de formadores de opinião e da produção cultural representada por filmes, TV, músicas e afins. Assim é formada a camisa de força do politicamente correto. Legislações são produzidas para tratar o dissenso como discurso de ódio que fere os “direitos humanos”. Por exemplo, a simples opinião sobre a incompatibilidade entre o islamismo e os valores ocidentais já é tratada como crime na Europa. Por outro lado, atacar Israel ou os cristãos é algo não só tolerado como incentivado.
A cada dia que passa, é mais difícil encontrar espaço para a livre expressão na internet. Os gigantes Google, Facebook, Apple e Twitter expurgam das suas redes qualquer conteúdo que não esteja de acordo com a religião socialista moderna.
Dessa forma, a Civilização Ocidental vai caminhando para sua auto-destruição, negando os seus valores fundadores enquanto abre espaço para ideais totalitários e bárbaros. Seria tarde para mudar a rota?
Fonte: https://medium.com/@leandroruschel/o-que-está-por-trás-das-mentiras-de-guga-chacra-e-da-imprensa-em-geral-3c8d542f3a22

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

sábado, 26 de agosto de 2017

É possível um cristão ser de esquerda? - Luiz Felipe Pondé





Compare com o que disse o Augusto Nicodemos e tire suas conclusões. Não. O cristão não pode ser marxista. Sim. O cristão pode exercer misericórdia, ajuda o próximo. Não só pode como deve. Porém, em lugar algum das Escrituras, a ênfase está posta nas condições sociais do homem. O Senhor Jesus deixou claro que o mais importante é o Reino de Deus nos corações dos homens, INDEPENDENTEMENTE  dos bens materiais que possua (Mt 6.33; Lc 12.15; Rm 14.17).

Marxismo e Cristianismo é água e óleo - Rev Augustus Nicodemus





Ficou claro agora?

Vigia cristão. Você que faz faculdade, em especial de ciências humanas, cuidado para não terminar sua faculdade sem as faculdades mentais, ou seja, lobotomizado pelo comunismo.

Dinesh D'Souza explica o Fascismo a Larry King





Simples de entender. Para fascistas e comunistas fanáticos, convertidos a religião secular milenarista, será preciso desenhar. Mas, para os mais simples e com bom senso, basta prestar atenção nas palavras do Dinesh.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

O QUE HÁ DE ERRADO COM NÁDEGAS RELUZENTES?



           Uma cultura grosseira gera um povo vulgar, e o refinamento privado não consegue sobreviver por muito tempo aos excessos públicos. Há uma lei de Gresham que vale tanto para a cultura quanto para o dinheiro: o ruim expulsa o bom, a menos que o bom seja defendido. 
                    Em nenhum outro país o processo de vulgarização foi mais longe do que na Grã-Bretanha: nisso, ao menos, somos os primeiros no mundo. Uma nação até não muito tempo atrás notória pelas restrições de seus hábitos se tornou conhecida pela vulgaridade de seus apetites e por suas desavergonhadas e antissociais tentativas de satisfazê-los. O alcoolismo em massa passou a ser visto em abundância nos finais de semana, no centro de cada uma das cidades da Grã-Bretanha, de modo que viver nelas tem se tornado insuportável até mesmo às pessoas mais humildes. E o alcoolismo caminha de mãos dadas com os relacionamentos grosseiros, violentos e superficiais entre os sexos. A bastardia generalizada da Grã-Bretanha não é sinal de um aumento da autenticidade de nossas relações humanas, mas uma consequência natural do hedonismo sem limites, que conduz rapidamente ao caos e à miséria, especialmente entre os mais pobres. Livre-se das regras, e a discórdia violenta virá em seguida.
                  Curiosamente, a revolução nos hábitos britânicos não veio por meio de qualquer erupção vulcânica das bases; ao contrário, veio como extensão do pensamento da elite intelectual, que começou a desprezar a tradição. Ela ainda age dessa forma, embora hoje restem poucas coisas para se desprezar. 
                    Por exemplo, a lascívia escancarada da imprensa britânica ao tratar das vidas privadas das personalidades públicas - especialmente dos políticos - tem um objetivo ideológico: subverter o próprio conceito de virtude e negar a possibilidade de sua existência. Portanto, negar a necessidade de um comportamento contido. Segundo essa lógica maliciosa, se cada pessoa que visa defender a virtude for pega com as mãos sujas (quem de nós não as teria?), ou se fosse descoberto que ela se entregou em algum momento de sua vida a um vício que se opõe à virtude defendida por ela, então, a virtude, em si mesma, será exposta como nada mais do que pura hipocrisia; por consequência, poderemos nos comportar exatamente como bem entendermos. A atual falta de compreensão religiosa sobre a condição humana - que o homem é uma criatura caída para o qual a virtude é necessária, embora nunca completamente alcançável - representa uma perda, e não um ganho, para uma verdadeira sofisticação da vida. Seu substituto secular - a crença na perfeição da vida na terra por meio da extensão sem limites do leque dos prazeres - não é apenas imaturo por comparação, mas muito menos realista em sua compreensão da natureza humana.
                    É nas artes e nas páginas de nossos jornais que uma incessante exortação para o fim da polidez - o que caracteriza uma cruzada da elite e seu irreflexivo antinomianismo - torna-se absolutamente visível. Tomemos, por exemplo, o caderno de cultura de um exemplar recente do Observer, o jornal liberal de domingo mais prestigiado da Grã-bretanha. Os dois artigos de maior destaque e mais chamativos do caderno celebravam o cantor pop Marilyn Manson e o escritor Glen Duncan.
                    Do cantor pop, a crítica do Observer dizia: 
                              
                              A habilidade de Marilyn Manson para chocar balançou como um pêndulo durante uma ventania. [...] Ele parecia, num primeiro momento, realmente assustador, quando saiu arrebentando de [sua] nativa Flórida e declarou guerra a tudo o que a América média valoriza. Manson conta convincentes histórias sobre fazer felação com cadáveres desenterrados só para se divertir. [...] mas [...] a autobiografia de Manson revela um homem inteligente e engraçado - mesmo que gostasse de cobrir com carne crua suas fãs portadoras de deficiência auditiva enquanto transava com elas. Ele se tornou um artista, em vez de a encarnação do mal. Grupos religiosos ainda se mobilizam e protestam em suas turnês, principalmente aquelas que ecoam um teor nazista. Mas qualquer tolo perceberia que Manson estava chamando atenção para um ponto importante sobre as turnês de rock e o comportamento de massa, como também flertando com o estilo fascista.

                    A autora da resenha - a qual hesita fastidiosamente em usar a palavra "surda" para as portadoras de deficiência auditiva, mas não parece se importar muito se essas fãs estão sendo exploradas em pervertidas gratificações sexuais - faz um grande esforço para informar ao leitor que ela não é atrasada e ingênua como o norte-americano médio, a ponto de achar que todo o espetáculo de Manson é nojento; por exemplo, ao rebater a crítica que se faz quando se usa o nome de um assassino sádico e genocida para triviais propósitos publicitários.
Reagir de uma forma mais crítica significaria afastar-se de sua casta, ficar do lado dos desajeitados e solenes cristãos, em vez de alinhar-se com os adoradores seculares do demônio - embora a determinação de não se chocar com nada, não se opor a nada, seja em si, certamente, uma convenção. Parece que está além do alcance da imaginação e da sensiblidade desse tipo de crítica perceber que as pessoas que realmente lutaram contra o fascismo, que arriscaram suas vidas e que perderam compatriotas ao fazerem isso, ou que sofreram sob o jugo fascista não apenas ofensivo, mas um motivo real de desespero nos últimos anos de suas vidas. Fascismo não pode jamais estar na moda.
                    O "qualquer tolo" da última frase é uma forma sutil de esnobismo e de lisonja intelectual, visando sugar o leitor para o círculo encantado da sofisticada e desabusada elite intelectual - os entendidos e os cognoscenti, que superaram julgamentos e princípios morais (gnósticos), que não se enganam mais pelas meras aparências, e que não condenam segundo modelos ultrapassados de pensamento. São os que se fazem, portanto, imunes em relação a essas insignificantes e opressivas considerações de decência pública...Não faz muito tempo um jornal me pediu que eu fosse a um "espetáculo" a fim de escrever uma matéria sobre um grupo cuja principal atração era o fato de urinarem e vomitarem sobre o público. Eles também agrediam verbalmente as pessoas, chamando-as a todo momento de "filhas da puta". milhares de pessoas assistiram a esse "espetáculo" - na realidade, uma parede de reverberação acústica a despejar um ensurdecedor, eletrônico e discordante barulho pontuado por refrões obscenos - dentre as quais havia centenas de crianças de até seis anos. Para essas desafortunadas crianças, isso não representava uma nostalgie de la boue, mas significava uma total imersão na própria lama, a lama na qual viviam e respiravam, e de onde forjavam sua existência cultural; a alma da qual é altamente improvável que consigam sair. Qualquer tolo perceberia que aquilo não era um espetáculo adequado para as crianças, mas muitos tolos - os pais delas - não perceberam.
                    A entrevista que o Observer fez com o autor, Glen Duncan, foi intitulada "Escuras e Satânicas Emoções", e a entrevistadora se viu "agradavelmente chocada" com o sadomasoquismo do trabalho de Duncan - o que implica dizer que qualquer outro tipo de choque que não fosse prazeroso estaria abaixo da dignidade de alguém da sua casta. "[Ele] ousou penetrar ainda mais fundo na floresta obscura da violência sexual e da crueldade", indo mais longe que outra grande autora da literatura sadomasoquista, Mary Gaitskill - de fato um elogio, uma vez que Gaitskill tem sido aclamada pela crítica por seu "desavergonhado flerte com os tabus" (Oh, quão sedutores eles são, nossos literari, fascinados pelos tabus como moscas pelo esterco), "sua explícita clareza na exposição dos mais sórdidos detalhes". Para essa gente, não existe nada mais chique ao expor a liberdade, a maturidade e o autoconhecimento humanos do que uma pitada de detalhes sórdidos, embora, é claro, talvez você nunca consiga ser suficientemente desavergonhado nem satisfatoriamente sórdido.
                    É preciso esclarecer que a descrição gráfica que o Sr. Duncan faz das práticas sadomasoquistas não pode ser vista como lasciva ou mesmo sensacionalista; que os céus nos protejam de pensamentos "grosseiramente reducionistas": "embora" - falando sinceramente, já que pessoas maduras podem lidar com qualquer verdade - "trata-se de um potencial best-seller para os editores" (como aquelas pessoas que, por exemplo, não consideram o fascismo um tema adequado para uma abordagem meramente comercial. Como o autor diz à entrevistadora, no sentido de consolidar, acima de qualquer suspeita, sua reputação como pensador sério: "Situações de merda acontecem, e eu quis que o narrador soubesse como lidar com situações como essas". Portanto, que fique claro, as cenas sexuais não são gratuitas, muito menos seria o caso de serem meras campanhas publicitárias - e, certamente, tampouco são o resultado da escolha humana (situações de merda não se escolhem; apenas acontecem; é inevitável) - elas levantam, no entanto, importantes questões metafísicas a respeito dos limites do permissível.
                    É possível definir com precisão quando teve início esse espiral decadente da cultura? Quando perdemos de forma absoluta o tato, o refinamento e a compreensão sobre algumas coisas que não podem ser ditas ou diretamente representadas? Quando foi que paramos de saber que, ao dignificar certas formas de comportamento, maneiras e modos de vida por meio de representações artísticas isso implicaria, ao menos implicitamente, glorificá-los e promovê-los? Como diz Adam Smith, há uma porção de ruína em cada nação, e essa verdade se aplica tanto à cultura de uma nação quanto à sua economia. O trabalho de destruição cultural, embora frequentemente mais rápido, fácil e mais autoconsciente do que o trabalho de construção, não é o trabalho de um momento. Roma não foi destruída em um dia. 
                    Em 1914, por exemplo, Bernard Shaw causou grande sensação ao atribuir à personagem Eliza Doolittle a frase "Not bloody likely!" que seria encenada nos palcos de Londres. É claro que a sensação criada na época por essa inócua e mesmo inocente exclamação dependia inteiramente para o seu efeito, da convenção que ela ridicularizava. Mas aquelas pessoas que ficaram escandalizadas com a frase (as pessoas que em geral são consideradas caretas) compreenderam instintivamente que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar, e que qualquer outro autor que procurasse criar outra grande sensação no futuro teria que ir muito além do "not bloody likely!". Uma lógica de quebra  de convenção fora estabelecida, de modo que dentro de algumas décadas ficou difícil produzir qualquer nova sensação, a não ser usando-se meios progressivamente mais extremos. 
                    Continua...
Fonte: Nossa Cultura ou o que restou dela, Theodore Dalrymple - É Realizações 

sábado, 15 de abril de 2017

A parábola dos talentos: a Bíblia, os empreendedores e a moralidade do lucro



















As parábolas de Jesus nos ensinam verdades eternas, mas também oferecem lições práticas inesperadas para as questões mundanas.
No Evangelho de Mateus (Mt 25:14-30), encontramos a parábola dos talentos de Jesus. Como todas as parábolas bíblicas, elas têm muitos níveis de significado. Sua essência se relaciona a como utilizamos o dom da graça de Deus. Com relação ao mundo material, trata-se de uma história sobre capital, investimento, empreendedorismo, e o uso adequado de recursos econômicos escassos. É uma refutação direta àqueles que veem uma contradição entre o sucesso dos negócios e a vivência da vida cristã. 
Um homem rico, prestes a iniciar uma longa viagem, chamou os seus três servos e lhes disse que eles seriam os guardiões de seus bens enquanto estivesse ausente. Após o mestre analisar as habilidades naturais de cada um, ele deu 5 talentos a um servo, 2 a outro, e 1 ao terceiro. Em seguida, partiu para sua viagem.
Os servos não perderam tempo e imediatamente adentraram o mundo do empreendimento e dos investimentos.  Aquele que recebera cinco talentos empreendeu e ganhou outros cinco.  Do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois. Mas o que havia recebido apenas um fez uma cova no chão e escondeu ali a propriedade do seu mestre.
Depois de muito tempo, o mestre retornou e foi acertar as contas com seus servos. O servo que havia recebido 5 talentos se apresentou. "Meu senhor", ele disse, "o senhor me confiou 5 talentos; veja, aqui estão mais cinco que eu consegui!".
"Muito bem, servo bom e fiel!" o mestre respondeu. "Já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra no gozo do teu senhor!"
Em seguida, o servo que havia recebido 2 talentos se aproximou do mestre. "Meu senhor", disse, "o senhor me confiou 2 talentos; veja, obtive mais dois!" O mestre disse: "Muito bem, servo bom e fiel, já que foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito, entra no gozo do teu senhor". 
Finalmente, aquele que havia recebido 1 talento se aproximou de seu mestre. "Meu senhor", disse, "eu soube que és um homem severo, ceifas onde não semeaste e recolhes onde não joeiraste; e, atemorizado, fui esconder o teu talento na terra; aqui tens o que é teu!".
A resposta do mestre foi rápida e severa: "Servo mau e preguiçoso! Se sabias que ceifo onde não semeei e que recolho onde não joeirei, devias, então, ter entregado o meu dinheiro aos banqueiros e, ao meu retorno, teria recebido o que é meu com juros".
O mestre ordenou que o talento fosse tomado do servo preguiçoso e dado àquele que tinha dez talentos: "Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos; porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem ser-lhe-á tirado. Lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá o choro e o ranger de dentes!"
Essa não é a história que frequentemente ouvimos nos púlpitos e sermões. Nossos tempos ainda exaltam uma ética socialista na qual o lucro é suspeito, e o empreendedorismo é visto com suspeita e desagrado. Porém, a história apresenta um significado ético facilmente perceptível, e apresenta lições profundas que ajudam a compreender qual é a responsabilidade humana na vida econômica.

Uma análise mais atenta
Nessa parábola, a palavra "talento" possui dois significados. É uma unidade monetária: era a mais utilizada da época. O estudioso bíblico John R. Donovan relata que um único talento era equivalente ao salário de 15 anos de um trabalhador comum. Portanto, sabemos que a quantia dada a cada servo era considerável.



Se interpretarmos de uma forma mais ampla, os talentos se referem a todos os dons que Deus nos deu. Essa definição abarca todos os dons — naturais, espirituais e materiais. Inclui, também, nossas habilidades e recursos naturais — saúde e educação —, bem como nossas posses, dinheiro e oportunidades.
Uma das lições mais simples dessa parábola é que não é imoral lucrar por meio do uso de nossos recursos, inteligência e trabalho. A alternativa ao lucro é o prejuízo; e a perda de riqueza, especialmente por falta de iniciativa, certamente não constitui uma boa e sensata administração.
A parábola existente no Evangelho de São Mateus pressupõe uma compreensão básica da correta administração do dinheiro. De acordo com a lei rabínica, o ato de enterrar o dinheiro era considerado a forma mais segura contra o roubo. Se a uma pessoa fosse confiada uma quantia em dinheiro e ela o enterrasse tão logo estivesse em seu poder, ela estaria livre da culpa se algo acontecesse com ele. O oposto era verdade se o dinheiro fosse enrolado em um pano.  Nesse caso, a pessoa era responsável por cobrir qualquer perda (prejuízo) incorrida devido à má administração do depósito que lhe foi confiado.  
Ainda nessa história, o mestre inverte o entendimento da lei rabínica. Ele considerou enterrar o talento — ficando elas por elas — como um prejuízo, pois ele pensava que o capital deveria receber uma taxa de retorno razoável. De acordo com esse entendimento, tempo é dinheiro (ou juros).
A parábola também contém uma lição crítica sobre como devemos utilizar as habilidades e recursos dados por Deus. No livro de Gênesis, Deus deu a Adão a Terra à qual ele deveria misturar seu trabalho para seu próprio uso. Na parábola, de forma similar, o mestre esperava que seus servos buscassem ganhos materiais. Em vez de preservar passivamente o que lhes tinha sido dado, o mestre esperava que investissem o dinheiro. O mestre ficou furioso diante da timidez do servo que tinha recebido um talento. Deus nos ordena a utilizar nossos talentos para fins produtivos. A parábola enfatiza a necessidade do trabalho e da criatividade, e condena a preguiça.

A busca por segurança
Ao longo da história, as pessoas tentaram construir instituições que assegurassem uma segurança perfeita, como o servo fracassado tentou. Tais esforços variam dos estados de bem-estar greco-romanos, passando pelo totalitarismo soviético em grande escala, até as comunidades luditas da década de 1960.
De tempos em tempos, esses esforços foram adotados como soluções cristãs para inseguranças futuras. Ainda assim, na Parábola dos Talentos, a coragem frente a um futuro incerto é recompensada no primeiro servo, que recebeu mais. Ele havia empreendido os 5 talentos, e ao fazê-lo, obteve mais 5. Teria sido mais seguro para o servo investir o dinheiro no banco para obter juros. Pela fé que demonstrou, foi-lhe permitido manter os 5 iniciais mais os 5 que havia recebido, compartilhando da alegria do mestre. 
Isso implica uma obrigação moral de confrontar a incerteza de maneira empreendedora. E ninguém o faz melhor que o empreendedor. Muito antes de saber se haverá retorno aos seus investimentos ou ideias, ele arrisca seu tempo e sua propriedade. Ele tem de pagar os salários de seus empregados muito antes de saber se o seu empreendimento terá algum retorno.  Ele incorre em gastos muito antes de saber se previu os eventos futuros de forma acurada. Ele vê o futuro com esperança, coragem e um senso de oportunidade. Ao criar novos negócios, ele oferece alternativas para os trabalhadores, que agora podem optar por receber um salário e desenvolver suas habilidades.
Por que, então, os empreendedores são frequentemente punidos como maus servos de Deus? Muitos líderes religiosos falam e agem como se o uso dos talentos e recursos naturais dos empresários em busca do lucro fosse imoral, uma noção que deveria ser descartada à luz da Parábola dos Talentos. O servo preguiçoso poderia ter evitado seu destino sombrio ao ser mais empreendedor. Se houvesse feito um esforço para empreender o dinheiro do seu mestre e retornado com prejuízos, ele não teria sido tratado tão mal, pois ao menos teria trabalhado em nome do seu mestre.

Empreendedorismo e ganância
A religião deve reconhecer o empreendedorismo pelo que ele é — uma vocação. A capacidade de sucesso nos negócios, na bolsa de valores ou em um banco de investimentos é um talento. Como outros dons, não deveriam ser desperdiçados, mas usados em sua plenitude para a glória de Deus. Críticos ligam o capitalismo à ganância, mas a natureza fundamental da vocação empresarial é se concentrar nas necessidades dos consumidores e se esforçar para satisfazê-las. Para ter sucesso, o empreendedor tem de servir aos outros.
A ganância se torna um risco espiritual — que ameaça a todos nós, independentemente de nossa riqueza ou vocação — quando passa a haver um desejo excessivo ou insaciável por ganhos materiais, independentemente de nossa condição financeira. O desejo se torna excessivo quando, nas profundezas do seu ser, ele supera as preocupações morais e espirituais. Mas a parábola deixa claro que a riqueza por si só não é injusta — pois o primeiro servo recebeu mais do que o segundo e o terceiro. E quando o lucro é o objetivo a ser alcançado pelo uso do talento empresarial, isso não configura ganância. É apenas o uso apropriado do dom.
Além de condenar o lucro, os líderes religiosos frequentemente favorecem diversas variedades de igualdade social e redistribuição de renda. Sistema de saúde universal, maiores gastos com políticas assistencialistas, e tributação pesada sobre os ricos são todos promovidos em nome da ética cristã. O objetivo supremo de tais políticas é a igualdade, como se as desigualdades inatas que existem entre as pessoas fossem, de alguma forma, inerentemente injustas.
E não é assim que Jesus se posiciona na Parábola dos Talentos. O mestre confiou talentos a cada um de seus servos de acordo com suas respectivas habilidades e capacidades. Um recebeu 5, enquanto outro recebeu somente 1.  Aquele que recebeu menos não recebe compaixão do mestre pela sua falta de recursos em comparação ao que seus outros colegas receberam. 
Podemos inferir dessa parábola que a igualdade de renda ou a realocação de recursos não é uma questão moral fundamental. Os talentos e matérias-primas que cada um de nós tem não são inerentemente injustos; sempre existirão desigualdades desenfreadas entre as pessoas. Um sistema moral é aquele que reconhece tal fato e permite que cada pessoa utilize seus talentos em sua plenitude. Todos nós temos a responsabilidade de empregar as capacidades e habilidades das quais fomos dotados.
Também podemos aplicar a lição dessa parábola às nossas políticas sociais. No sistema vigente, o salário do trabalhador é tributado para pagar os benefícios daqueles não trabalham. Frequentemente ouvimos que "não existem empregos" para a grande maioria dos pobres. No entanto, sempre existe trabalho a ser feito.  A necessidade de trabalho é, por definição, infinita. Um homem com duas mãos saudáveis pode encontrar trabalho que pague $1 por hora. Ele decide trabalhar ou não, e o governo decide se ele pode ou não aceitar tal valor. Nosso sistema de bem-estar desencoraja o trabalho. Ele cria um incentivo perverso para se recorrer ao assistencialismo ao menos que exista um trabalho que pagará pelo menos o mesmo que o seguro-desemprego.
Deus ordena que todas as pessoas utilizem seus talentos; todavia, em nome da caridade, nosso sistema assistencialista encoraja as pessoas a deixarem que suas habilidades naturais atrofiem, ou que nem mesmo as venham a descobrir. 
Dessa maneira, estimula-se o pecado. A Parábola dos Talentos implica que a inatividade — ou o desperdício de talento empreendedorial — incita a ira de Deus. Afinal, o servente mais baixo não havia desperdiçado o talento; ele simplesmente o havia enterrado: algo que era permissível (aceitável) pela lei rabínica. A rapidez da reação do mestre surpreende. Ele o chama de "mau e preguiçoso" e o expulsa para sempre de sua convivência.
Aparentemente, não é somente a preguiça do servo que motiva tanta ira. Ele não mostrou nenhum arrependimento, e ainda culpou seu mestre pela sua timidez (incompetência). Sua desculpa para não investir o dinheiro é que ele considerava o seu mestre duro e exigente, embora a ele houvessem sido confiados recursos generosos.  Por medo do fracasso, ele se recusou até mesmo a tentar ter sucesso.
Essa parábola também nos ensina algo sobre macroeconomia. O mestre seguiu viagem deixando o total de 8 talentos; ao retornar, os 8 haviam se transformado em 15. A parábola não é a história de um jogo de soma zero. O ganho de uma pessoa não ocorre à custa de outrem. O empreendimento exitoso do primeiro serve não prejudica as possibilidades do terceiro servo. O mesmo se aplica à economia atual. Ao contrário do que é normalmente pregado do púlpito, o sucesso dos ricos não vêm à custa dos pobres.
Se por se tornar rico o servo mais bem sucedido tivesse prejudicado a outrem, o mestre não o teria elogiado. O uso sábio dos recursos em investimentos ou em poupança a juros não somente é correto do ponto de vista individual, como também ajuda as outras pessoas. Como John Kennedy disse certa vez, uma onda que sobe levanta todos os barcos. Da mesma forma, a riqueza do mundo desenvolvido não ocorre nas costas das nações em desenvolvimento. A Parábola dos Talentos implica uma sociedade livre e aberta.
Cristãos de esquerda normalmente recorrem às palavras de Jesus: "Como é difícil entrar no Reino de Deus. É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus". Seus discípulos foram tomados de surpresa, e se perguntaram: quem poderia ser salvo, então? Jesus acalmou seus medos: "para um homem é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis".
Isso não significa que nosso sucesso material nos afastará do paraíso; implica, isso sim, a necessidade de levarmos uma vida moralmente, a qual deve estar acima de qualquer preocupação com bens materiais. Nossa preocupação para com Deus deve ser a mesma que os servos tiveram com relação aos interesses do seu mestre enquanto buscavam o lucro. Permanece verdade que, não obstante todas as nossas posses e feitos terrenos, dependemos completamente de Deus para alcançarmos a salvação.
No entanto, para a condução da economia, dependemos fortemente do empreendedorismo, do investimento, da tomada de risco e da expansão da riqueza e da prosperidade.  Deveríamos ser mais críticos quanto à maneira como nossa cultura trata o empreendedorismo. As revistas de negócios estão repletas de histórias de sucesso. O herói é frequentemente o empreendedor corajoso, visionário e alegre, que se assemelha ao servo capaz que recebeu 5 talentos. Contudo, ao mesmo tempo, a fé religiosa popular continua a louvar e promover o comportamento endêmico do servo preguiçoso que foi expulso do convívio do mestre.

O cristianismo é frequentemente culpado pelo fracasso dos projetos socialistas ao redor do mundo. E, em muitos casos, cristãos desinformados participaram da construção desses tipos de projetos. A lição da Parábola dos Talentos precisa ser mais bem entendida. O sonho socialista é imoral. Ele simplesmente institucionaliza o comportamento condenável do servo preguiçoso. Onde Deus recomenda a ação criativa, o socialismo encoraja a preguiça. Onde Ele demanda fé e esperança no futuro, o socialismo promete uma falsa forma de segurança. Ao passo que a Parábola dos Talentos sugere a superioridade moral da livre iniciativa, do investimento e do lucro, o socialismo a nega.
Todas as pessoas de fé deveriam trabalhar tenazmente para acabar com a divergência entre religião e economia. Essa parábola de Jesus é um bom ponto para se começar a incorporar a moralidade do livre mercado e da livre iniciativa à ética cristã.

FONTE: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2046

segunda-feira, 27 de março de 2017


segunda-feira, 13 de março de 2017

As Instituições Divinas

Thomas Ice
À medida que vemos o declínio dos remanescentes da cultura baseada na fé cristã nos Estados Unidos e em todo o mundo, precisamos ser relembrados dos padrões e do propósito de Deus para a humanidade. A vontade de Deus para a humanidade foi revelada no primeiro livro da Bíblia – Gênesis. Cerca de 40 anos atrás, assisti a uma apresentação de um resumo da vontade de Deus para a raça humana, intitulada “As Instituições Divinas”, de autoria do pastor Charles Cough,[1] da Igreja Bíblica Lubbock nos anos 1970. Essa informação bíblica deu-me uma visão dessas questões que tem sido de grande ajuda para mim até ao dia de hoje.

Instituições Divinas

As instituições divinas funcionam dentro das alianças bíblicas que se relacionam à vida social dos seres humanos. De acordo com Clough:
As instituições divinas são estruturas reais absolutas construídas dentro da existência social do homem.[2]
O termo “instituição divina” foi usado durante séculos pelos cristãos, particularmente nos círculos reformados, para descrever as formas sociais básicas fixas.[3]
As instituições divinas foram criadas por Deus, por isso são chamadas divinas, mas se aplicam a toda a humanidade, desde o tempo de Adão e Eva. As estruturas sociais básicas do homem não evoluíram simplesmente com o tempo, mas foram parte do ato de criação de Deus.

Instituições Divinas Anteriores à Queda

A primeira instituição divina é o domínio responsável (Gn 1.26-30; Gn 2.15-17; Sl 8.3-8). É a esfera na qual um indivíduo é responsável diante de Deus pelas escolhas que faz. O homem foi criado para ser o vice-regente de Deus sobre o planeta Terra, a fim de governá-lo sob a autoridade do Senhor. A queda resultou em uma perversão da responsabilidade do homem, mas Deus nunca isentou-o de tal responsabilidade.[4] Isto significa que cada ser humano, individualmente, é responsável diante do Senhor pelo trabalho criativo projetado para glorificá-lO. Deus o projetou para que, através das escolhas individuais, possamos demonstrar na história um registro de obediência ao Senhor, ou de rebelião contra o Criador. Depois da Queda, observa Clough:
Em vez de um domínio piedoso e pacífico sobre toda a terra debaixo da autoridade de Deus e de Sua Palavra, o homem luta e abre seu caminho a um domínio falso feito por meio de suas próprias obras (cf. Tg 4.1-4).[5]
A escolha individual é vista como a área em que a pessoa ou confia em Cristo como seu Salvador, ou O rejeita. Ninguém pode fazer tal escolha em lugar de outro indivíduo.
A segunda instituição divina é o casamento (Gn 2.18-24). Esta instituição tem sua origem no matrimônio entre Adão e Eva, em Gênesis 2. É nesse âmbito que o relacionamento sexual deve ser experimentado e, juntos, marido e mulher devem cumprir com o mandado cultural de dominar sobre a criação. Vemos que a mulher é chamada “ajudadora”, e foi trazida por Deus para Adão, pois este precisava de uma ajudadora que correspondesse com ele a fim de auxiliá-lo em seu chamado para dominar a natureza.
Diferentemente dos animais, a chamada diferenciação sexual da humanidade não existe meramente para a procriação; é também para o domínio.[6]
Mais tarde, a extrema importância da estrutura do casamento aparece no Novo Testamento, quando Paulo revela que o casamento tipifica a união entre Cristo e a Igreja (Ef 5.22-23).[7]
Clough faz o seguinte comentário bastante útil:
A humanidade não consegue expressar a imagem de Deus a não ser como ambos, “homem e mulher”, juntos (Gn 1.27). [...] Além disso, o papel da mulher como “ajudadora”, em Gênesis 2.18, não tem a intenção de ser menor em importância, nem secundário. O termo usado para “ajudadora” em outras partes é atribuído ao próprio Deus (Êx 18.4; Dt 33.7). Todavia, é inegável que a Bíblia coloca ênfase sobre o homem como aquele que recebe seu chamado de Deus, e que depois dá forma à sua escolha de esposa. (...) Juntos na divisão do trabalho, o homem e a mulher se separam de suas próprias famílias, em contraste com uma família extensa, sendo que o jovem marido tem que tomar completa responsabilidade de liderança diretamente sob as ordens de Deus.[8]
A terceira instituição divina, edificada sobre as duas primeiras, é a instituição da família.
Na Bíblia, é a família, não o indivíduo, que é a unidade básica da sociedade. (As propriedades, por exemplo, são atribuídas às famílias na Lei Mosaica).[9]
A família existe para o treinamento da geração seguinte (cf. Êx 20.12; Dt 6.4-9; Ef 6.1-4).[10]
A família é a instituição responsável pela continuidade de cada legado familiar por ser responsável pela educação e pelos bens. Mesmo que uma família escolha usar professores substitutos, a família é responsável por certificar-se que a criança seja adequadamente educada. Clough nos diz:
A família e o casamento não podem ficar separados do domínio. Onde o domínio é pervertido e o ambiente é arruinado, a fome e a pobreza seguem como resultado. Onde o casamento é desonrado e onde as famílias estão degradadas, a sociedade fracassa. Não há quantidades de leis, programas ou “redefinições” de casamento e de família que possam salvá-los. Deus projetou as instituições divinas para proporcionarem domínio e prosperidade.[11]
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A família é a instituição responsável pela continuidade de cada legado familiar por ser responsável pela educação e pelos bens. Mesmo que uma família escolha usar professores substitutos, a família é responsável por certificar-se que a criança seja adequadamente educada.
A Queda não alterou nenhuma das instituições divinas; pelo contrário, ela corrompe o homem que as usa de maneira incorreta. Clough explica:
Quando o homem decaído se defronta com a corrupção em cada uma dessas estruturas sociais, ele responde de várias maneiras. Uma maneira é reinterpretar as lutas contra o pecado em termos de economia (a “luta de classes” de Marx) ou de raça (os racistas brancos e negros) ou de psicologia (Freud e outros). Uma outra evasiva é abandonar as próprias instituições, classificando-as como “convenções” sociais obsoletas e arbitrárias, que precisam de uma reengenharia. Todas essas respostas, contudo, são fracassos que custam caro para as sociedades que as experimentam. No fim, elas refletem a mentalidade pagã, que nega a responsabilidade da queda e a anormalidade do mal.[12]

Instituições Divinas Posteriores à Queda

Pelo menos mais duas instituições divinas foram estabelecidas depois que o homem caiu em pecado. Ambas foram estabelecidas depois do Dilúvio e foram projetadas para restringir o mal em um mundo decaído. As três primeiras instituições divinas são positivas, ou produtivas, da sociedade, enquanto que as duas últimas são negativas e projetadas para restringir o mal em um mundo decaído.
A quarta instituição divina é o governo civil, por meio do qual Deus transferiu ao homem, através da Aliança Noaica, a responsabilidade de exercer autoridade no reino, ajudando a restringir a maldade depois do Dilúvio (Gn 9.5-6). Antes do Dilúvio, o homem não poderia executar juízo sobre o mal, como pode ser visto na maneira que Deus ordenou aos homens que tratassem do assassinato de Abel por Caim (Gn 4.9-15). Esta instituição divina se baseia na punição capital (Gn 9.5-6) e existe para o propósito de restringir o mal (Rm 13.3-4). A autoridade judicial está implícita na ordem dada por Deus para as instituições civis exigirem vida por vida. Embora a pena capital tenha se tornado desagradável à cultura ocidental apóstata, ela ainda é a base para o estabelecimento do governo civil por Deus.[13]
A quinta instituição divina é a diversidade tribal, ou o nacionalismo, que também foi estabelecido depois do Dilúvio a fim de promover a estabilidade social em um mundo decaído (veja Gn 9.25-27 e compare com Gn 10-11 e Dt 32.8). Verifique que isto não é diversidade racial, mas sim diversidade tribal. Essa instituição divina não envolve raças, mas tribos, ou famílias. Clough explica:
Durante todo o período pós-diluviano, Deus preservou a estabilidade e a saúde social do homem ao fazer um grupo ou tribo disputar contra outro a fim de maximizar o verdadeiro progresso e retardar a influência do mal (cf. At 17.26-27).[14]
A diversidade tribal foi implementada através da confusão das línguas na Torre de Babel (Gn 11.1-9). Por que Deus quis separar a humanidade? Muitos crêem que a humanidade deveria ficar junta em unidade. Gênesis 11.6 explica o motivo pelo qual Deus confundiu a linguagem humana: “E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer”. Desta forma, a única razão pela qual a humanidade quer se unir é para se rebelar mais eficientemente contra Deus, como foi visto no incidente da Torre de Babel. É por isso que a história atual está se movendo em direção ao globalismo, à medida que nos movemos para mais longe de Deus, e é por isso também que o objetivo do Anticristo na Tribulação é maquinar a criação de um governo único estabelecido contra o plano e os propósitos de Deus. A Tribulação terminará com a intervenção direta de Deus e o juízo, assim como foi no Dilúvio. Nesse ínterim, Deus diminui a rebelião coletiva do homem através do governo civil e da diversidade tribal.
O propósito da diversidade tribal pode ser ilustrado pelas diferenças entre os cascos dos grandes navios. Até cerca de 120 anos atrás, todas as grandes embarcações que navegavam no mar tinham um único e grande casco. Se houvesse um buraco suficientemente grande no casco, o navio geralmente afundaria, uma vez que toda a embarcação se encheria de água. Então, os fabricantes de navios começaram a construir compartimentos múltiplos nos cascos das grandes embarcações, considerando que, se aparecer um buraco em um compartimento, os outros compartimentos poderiam manter o navio flutuando. Assim também acontece com a humanidade. Se uma tribo se corrompesse, Deus não teria que julgar o mundo inteiro. Ele poderia usar outros povos para julgar aquela tribo, sem necessidade de um julgamento de proporções mundiais. Esta é uma das maneiras com que Deus conduz as nações entre o Dilúvio e a Sua Segunda Vinda.

Conclusão

A partir desta abordagem bíblica ao governo e à sociedade vemos que ela é, primeiramente, consistente com os princípios teológicos do Dispensacionalismo. Assim, as responsabilidades sociais e políticas da pessoa são individuais, exceto no caso do cuidado com as viúvas, que é feito pela igreja (1Tm 5). Essas responsabilidades foram dadas através de instituições divinas a toda a humanidade, na Criação ou depois do Dilúvio. Esse entendimento produz uma visão de governo conservadora e vê a responsabilidade individual, o casamento e a família como os setores produtivos de uma sociedade. Como a responsabilidade principal do governo civil é restringir o mal para que as instituições anteriores à Queda possam ser produtivas, a Bíblia não dá apoio a nenhuma forma de planejamento ou interferência governamental nas instituições produtivas. Durante a atual era da Igreja, um crente, como indivíduo, deveria funcionar socialmente dentro da estrutura das instituições divinas, levando em conta as ordens a ele dadas como membro da Igreja, o Corpo de Cristo. Maranata! (Thomas Ice — Pre-Trib Perspectives)

Notas:

  1. Se você estiver interessado em ouvir a série de áudios de Charles Clough sobre “The Biblical Framework” [A Estrutura Bíblica] (em inglês), ela pode ser baixada em www.bibleframework.com. Clough ministra sobre as Instituições Divinas no início de sua série sobre a Estrutura.
  2. Charles A. Clough, Laying The Foundation [Colocando o Fundamento], revisado (Lubbock: Lubbock Bible Church, 1977), p. 36.
  3. Clough, Laying, p. 36, f.n. 36.
  4. Charles A. Clough, A Biblical Framework for Worship and Obedience in an Age of Global Deception, Part II [Uma Estrutura Bíblica para Adoração e Obediência em uma Época de Engano Global, Parte II], p.39. Extraído do seguinte endereço da internet: www.cclough.com/notes.php.
  5. Clough, Biblical Framework, p. 60.
  6. Clough, Biblical Framework, p. 40.
  7. Clough, Laying, p. 37.
  8. Clough, Biblical Framework, p. 40.
  9. Clough, Biblical Framework, p. 41.
  10. Clough, Laying, p. 37.
  11. Clough, Biblical Framework, p. 41.
  12. Clough, Biblical Framework, p. 61.
  13. Ver Clough, Laying, p. 83 and Biblical Framework, pp. 97–98.
  14. Clough, Laying, p. 84.