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sábado, 25 de julho de 2020

OS UTOPISTAS IANQUES


                    Entre a Revolução Francesa e Marx, vieram muitos socialistas e coletivistas que são apropriadamente denominados "utopistas ianques" na história da esquerda americana de Daniel Flynn. Nem todos eram tecnicamente americanos, mas todos tiveram seu impacto em solo americano com as colônias ideológicas que estabeleceram ou inspiraram nos anos de 1800. Alguns eram ingleses; outros (naturalmente) eram franceses. Incluíam Robert Owen, Charles Fourier, Albert Brisbane e John Humphrey Noyes, que chamava a si mesmo de "comunista bíblico". A carreira do inglês Robert Owen (1771-1858), que fincou sua pá no centro das terras americanas duas décadas antes de Marx e Engels publicarem seu manifesto, ilustra a persistência - e alguns dos perigos - de certas ideias comunistas que eram atraentes mesmo antes de a palavra "comunismo" ter-se popularizado, e que continuam a seduzir intelectuais e idealistas que nunca aprenderam nada com o fracasso abjeto dessas ideias nos últimos duzentos anos.
                    "Vim a este país para introduzir um estado de sociedade inteiramente novo", afirmou Owen, em seu discurso de 27 de abril de 1825, no salão público de sua comunidade utópica New Harmony [Nova Harmonia]. Ele veio para "mudar [a sociedade] de um sistema ignorante e egoísta para um sistema social esclarecido, que unirá gradualmente todos os interesses em um e removerá tudo que causa conflito entre os indivíduos".
                    "Indivíduo" era um palavrão para Owen (ele teria concordado de todo o coração quando o Presidente Obama lamentou o "viés americano para com a ação individual" e disse que os americanos devem unir-se em "ação coletiva" e alcançar "a salvação coletiva"). Owen disse que viera "mudar o sistema individual para o social; o sistema das famílias isoladas com interesses separados para comunidades de muitas famílias com um interesse comum". 
                    Owen marcou o 50º aniversário da Declaração da Independência com sua "Declaração da Independência Mental". "Declaro agora [...]ao mundo", proclamou Owen, "que o Homem, até este momento, tem sido, em toda terra, escravo de uma trindade dos males mais monstruosos [...] que impõem o mal físico e mental sobre toda a nossa raça. Refiro-me à propriedade privada ou individual, sistemas absurdos e irracionais de religião e casamento, fundados na propriedade individual". Ele preconizava nada menos que uma "revolução" para libertar a humanidade da propriedade privada, do casamento e da religião.
                    Religião era o pior desta "hidra de males" - "Todas as religiões mostraram-se superstições", escarnecia Owen -, mas ele não gostava muito mais da propriedade privada ou da família: "As formas e cerimônias do casamento [...] foram concebidas e impostas sobre o povo ao mesmo tempo que a propriedade foi dividida pela primeira vez entre uns poucos indivíduos de destaque e a superstição foi inventada: sendo este o único dispositivo que poderia [...] permitir-lhes reter sua divisão do espólio público e criar para si mesmos uma aristocracia de riqueza, de poder e de instrução". 
                    A nova sociedade de Owen era uma colônia coletivista que reunia propriedade, lucros e pessoas, substituindo a família nuclear pela família coletiva. Os filhos eram retirados dos pais e levados a partes separadas do coletivo para uma "educação" adequada.
                    A colônia de New Harmony debateu-se por apenas dois anos. Owen dispendeu a maior parte de sua fortuna pessoal nesta colônia malograda, mas sua visão esquerdista continua viva. "O sistema social está firmemente estabelecido", afirmou ele. É claro que estava.
                    Mesmo antes de falir, Owen tirava freqüentes períodos sabáticos para longe de sua pequena vila comunista. Isso é típico dos utopistas comunistas: eles raramente cumprem os padrões que impõem às pessoas em cujo nome governam. Owen e Fidel Castro, e Mao, e os Kims, e todos os outros defensores "do povo" nunca vivem segundo as regras que aplicam a todos os demais. E é compreensível. Dada a escolha, ninguém quer viver segundo regras tão inteiramente contrárias à natureza humana. Desse modo, o sistema estúpido sempre é para as ovelhas estúpidas, nunca para os pastores. Coletivistas jamais suportam a vida coletiva. A única graça salvadora da utopia comunista de Robert Owen, a New Harmony, era que ele não estava no controle do governo, de modo que não podia forçar as pessoas a permanecer nele.
                    Apesar dos fracassos, os verdadeiros crentes nunca desistem do sonho; continuam comprometidos com a visão comunista. A "Nova Harmonia" de Robert Owen esvaneceu-se, mas dezenas de outras protariam em todo país em meados de 1800. Houve mais de quarenta delas até a metade do século, e raramente alguma delas durou mais de quatro anos.
                    Mas a fé sobreviveu. Na verdade, ainda está viva na América hoje.

Extraído do Livro "Manual POLITICAMENTE INCORRETO do COMUNISMO, p.33,34