Pesquisas censuradas: inteligência não é permitida
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Qualquer
semelhança não é mera coincidência! Em nossa sociedade, a liberdade de
expressão é tolerada, mas não no que diz respeito à questão das origens.
O documentário “Expelled: No Intelligence Allowed”,
que serve de inspiração para o título deste artigo, é um dos mais
polêmicos já produzidos. Ele ficou em 12º lugar em uma lista de
documentários mais assistidos dos EUA, desde 1982. A produção não é do
gênero religioso e, sim, do gênero científico, e aborda a questão da
“liberdade de expressão” no meio acadêmico para os cientistas renomados
que perdem suas cadeiras após falarem contra o neodarwinismo e suas
implicações filosóficas. Uma das críticas principais aos movimentos
criacionista e do design inteligente
– o qual a partir de agora chamarei de “TDIsta” – é que são poucos os
trabalhos de pesquisa que apoiam diretamente ambas as posições em
revistas científicas avaliadas por pares. O que não é levado em
consideração pelos críticos é o fato de ser ainda um grande desafio a
publicação de artigos com opiniões discordantes do consenso evolutivo. A
partir do momento em que um cientista desafia uma crença profundamente
defendida, como no caso do naturalismo filosófico, ele enfrenta grande
dificuldade em obter financiamento para seus projetos de pesquisa,
depositar seus trabalhos em repositórios científicos e, principalmente,
em publicar seus resultados em anais de congressos ou em periódicos de
alto fator de impacto.
No
verão de 1985, o físico criacionista Dr. Russell Humphreys, membro do
conselho da Creation Research Society, escreveu para a revista Science apontando que artigos abertamente criacionistas são reprimidos pela maioria dos periódicos. Ele perguntou se a Science tinha
“uma política oculta de suprimir cartas criacionistas”.[1] Christine
Gilbert, o então editor de cartas, respondeu e admitiu: “É verdade que
não é provável que publiquemos cartas de apoio ao criacionismo.” Essa
admissão é particularmente significativa, uma vez que a política oficial
de cartas da Science é que ela representa “a variedade de opiniões”. No entanto, de todas as opiniões que recebe, a Science não publica as criacionistas.
Em
2001, o físico criacionista Dr. Robert Gentry enviou dez artigos para
Los Alamos National Laboratory E-Print arXiv (um repositório científico
para preprints eletrônicos de artigos científicos nos campos da
matemática, física, etc.), e automaticamente eles receberam o número
arXiv impresso na primeira página de cada artigo.[2] Cada um desses dez
artigos colocaria em xeque a cosmologia do Big Bang e forneceria, de
acordo com o autor, evidências para o registro de Gênesis da criação.[2]
No entanto, os funcionários do arXiv, temendo os resultados dos artigos
que suportam o registro da criação em Gênesis e a reviravolta da
cosmologia do Big Bang, apagaram esses artigos antes de serem divulgados
ao mundo. Essa é a censura científica no mais alto nível. A notícia foi
reportada em algumas edições da revista Nature.[4, 5] Os dez artigos, além de detalhes sobre a censura em curso pela Universidade de Cornell, podem ser acessados em www.orionfdn.org.
Em 2004, a mídia reportou um caso polêmico relacionado à publicação de um artigo que apoiava o design inteligente
em uma revista científica, bem como as perguntas subsequentes se os
procedimentos editoriais adequados foram seguidos e se ele foi
devidamente revisado. O filósofo da ciência Dr. Stephen C. Meyer,
diretor do Instituto Discovery (EUA), havia publicado um artigo
intitulado “The origin of biological information and the higher
taxonomic categories”, na Proceedings,
revista de biologia do Museu Nacional de História Natural do Instituto
Smithsoniano, em Washington.[6] Um mês depois, o conselho do periódico
de Biologia emitiu uma nota em que criticou o artigo, dizendo que ele
não atendia aos padrões científicos do processo, e enfatizou que a
decisão de publicá-lo foi do ex-editor Richard Sternberg (saiba mais no
documentário “Expelled”, citado acima). O detalhe é que esse artigo
causou polêmica por afirmar que a explosão cambriana não poderia ser
explicada por processos naturais, isto é, nenhuma teoria materialista
atual seria suficiente para explicar a origem da informação necessária
para construir novas formas de vida presentes na explosão cambriana do
registro fóssil. O artigo foi além: propôs o design inteligente
como uma alternativa para a explicação da origem da informação
biológica e para a taxonomia superior. O artigo que antes havia sido
aceito, publicado e indexado em importantes bases de dados, acabou sendo
removido.
Em 2008, dois autores, Mohamad Warda e Jin Han, submeteram um manuscrito para avaliação na revista Proteomics.[7] O artigo potencial apresentado por Warda e Han foi um estudo de revisão sobre as mitocôndrias. Como muitas outras revistas, Proteomicslibera documentos online antes
da publicação oficial. No início de fevereiro de 2008, evolucionistas
descobriram que Warda e Han eram criacionistas, e alegaram que sua
revisão foi uma tentativa furtiva de fixar suas afirmações criacionistas
na literatura científica. O manuscrito intitulado “Mitochondria, the
missing link between body and soul: Proteomic prospective evidence”
chamou a atenção devido a quatro pontos: o título, o resumo, a
argumentação e a conclusão. Os autores fazem a seguinte declaração:
“Alternativamente,
em vez de afundar em um pântano de debates intermináveis sobre a
evolução das mitocôndrias, é melhor chegar a uma suposição unificada.
[...] Mais logicamente, os pontos que mostram sobreposição proteômica
entre diferentes formas de vida são mais susceptíveis de ser
interpretados como um reflexo de uma única impressão digital comum
iniciada por um poderoso criador do que confiar em uma única célula que
é, de forma duvidosa, surpreendentemente originadora de todos os outros
tipos de vida.”
Na
conclusão do manuscrito também havia a seguinte sentença: “Ainda
precisamos saber o segredo por trás dessa disciplinada sabedoria
organizada.” Assim, graças à “união” da comunidade evolucionista, esses
detalhes foram questionados, e somada a isso a alegação de plágio. O
artigo foi, então, removido do site da revista, que agora diz que a
retração é “devido a uma sobreposição substancial do conteúdo deste
artigo com artigos publicados anteriormente em outras revistas”. Porém,
no ano seguinte, o artigo continuava a ser o quarto mais acessado da
revista. Em um e-mail citado por James Randerson, jornalista do The Guardian,
Warda negou a acusação de plágio e disse: “Nós reafirmamos nossos
resultados de que [as evidências mostram] que a mitocôndria não evoluiu a
partir de outros procariotas. Eles querem nos destruir porque dizemos a
verdade; somente a verdade.”[8]
Em
2011, outro artigo científico foi revisado, aceito e publicado. Porém,
pouco tempo depois, foi removido devido a contrariar a perspectiva
naturalista da origem da vida. Para que a vida tivesse evoluído a partir
de matéria inorgânica, na visão naturalista, os átomos e as moléculas
teriam que se mover de um estado de organização inferior para um estado
de organização superior, além de se auto-organizarem de forma a gerar
maiores estruturas precisas e complexas. Mas a Segunda Lei da
Termodinâmica (SLT), generalizada para a informação, demonstra que, sem
um agente inteligente a controlar e a influenciar o processo, as
moléculas caminham sempre para um estado de menor organização
informacional. Portanto, o artigo técnico em questão sugeriu que a
perspectiva naturalista para a origem da vida está em oposição à SLT.
No
artigo intitulado “Um segundo olhar à Segunda Lei”, o professor
Granville Sewell, da Universidade de Texas, mostrou que a hipótese que
defende a capacidade da natureza de gerar as complexas estruturas do DNA
é tão improvável quanto a natureza construir um computador.[9] Qualquer
um dos eventos violaria a SLT. Depois de o artigo ter sido aceito para
publicação na revista Applied Mathematics Letters,
um militante evolucionista escreveu uma carta aos editores avisando-os
de que a “reputação” da revista seria “manchada” se eles publicassem o
artigo. Devido a isso, os editores o retiraram. Como o artigo de Sewell
não continha erros ou problemas técnicos, os editores da revista
endereçaram-lhe um pedido de desculpas e concederam-lhe permissão para
colocar versão pré-publicada do seu artigo na página web da universidade
(clique aqui para saber mais).
Em
2012, uma equipe de pesquisadores criacionistas fez uma apresentação em
um encontro anual de Geofísica do Pacífico Ocidental, em Cingapura, na
qual mostrou resultados de datação de carbono 14 (C-14) de múltiplas
amostras de ossos a partir de oito espécimes de dinossauros (veja aqui).
Todos deram positivos para C-14, com idades variando de 22.000 a 39.000
anos de radiocarbono. Esse foi um evento conjunto da União Americana de
Geofísica (AGU) e da Sociedade de Geociências da Oceania Asiática
(AOGS).[10] Os pesquisadores abordaram o assunto com profissionalismo
considerável, inclusive tomando medidas para eliminar a possibilidade de
contaminação com carbono moderno como uma fonte de sinal de C-14 nos
ossos. O trabalho foi apresentado oralmente pelo Dr. Thomas Seiler, um
físico alemão cujo PhD é da Universidade Técnica de Munique (clique aqui para assistir ao vídeo).
O
trabalho também foi publicado na forma de resumo, no entanto, pouco
tempo depois, esse resumo foi retirado do site da conferência por dois
presidentes, porque eles não podiam aceitar as conclusões. Recusando-se a
desafiar os dados abertamente, eles apagaram o resumo da vista do
público, sem comunicar os autores ou membros oficiais da AOGS, mesmo
após uma investigação. É possível ainda acessar online a captura de tela feita do programa original (confira aqui).
Mas, indo para o site oficial da conferência, pode-se ver que a
conversa foi claramente removida. Parece que mais uma vez a verdade
apresentada foi pesada demais para a suposta abertura da ciência aos
dados.
Em
2014, um cientista microscopista da Universidade Estadual da Califórnia
(UEC), em Northridge, foi demitido de seu emprego depois de descobrir
tecidos moles em um fóssil de Tricerátops e publicar seus resultados na
revista Acta Histochemica.[11] Seus advogados entraram com uma ação judicial contra a universidade (veja mais aqui).
O chifre de tricerátops foi escavado em Hell Creek, no estado de
Montana, e o pesquisador criacionista Mark Armitage o examinou com um
potente microscópio na UEC. Armitage ficou “fascinado” por encontrar
tecidos moles na amostra – uma descoberta que espantou tanto os membros
do departamento de biologia da escola quanto alguns estudantes, “porque
indicaria que os dinossauros teriam vivido na Terra há apenas milhares
de anos, ao invés de terem sido extintos há 65 milhões de anos”, como se
crê. Embora os achados de Armitage tenham sido publicados em uma
revista científica, a universidade decidiu dispensá-lo, afirmando que o
que ele havia achado era inaceitável. Felizmente, no fim das contas,
Armitage obteve a vitória judicial (confira).
Em 2016, a revista científica PLoS ONE publicou
um artigo sobre as características biomecânicas de coordenação da mão
humana.[12] O texto incluiu a afirmação de que a característica
biomecânica da arquitetura evidencia “projeto/design adequado pelo Criador”, o que foi motivo de desespero (clique aqui para
saber mais). A polêmica levantou protestos por parte da comunidade
evolucionista e levou os responsáveis pela revista a pedir desculpas
pela publicação do artigo e a exigirem uma retratação dos autores do
estudo.[13] Conforme indaga o jornalista Michelson Borges, “tanta
celeuma por causa disso? O artigo deixou de ser menos científico por
apontar para a ideia de designinteligente?
Ou se trata de puro preconceito mesmo? Preconceito de uma academia e de
uma comunidade (científica) dominada pelo naturalismo ideológico que
não suporta ver Deus colocando o pé na porta, tentando voltar ao cenário
de onde vem sendo expulso há algum tempo”.
Durante
algum tempo, eu [autor deste artigo] também tentei submeter a algumas
revistas científicas na área de Biologia um manuscrito que havia
elaborado no ano de 2015. Todas as respostas que recebi foram
semelhantes a esta (abaixo) por parte dos editores de periódicos:
Conforme afirma o blog Darwinismo,
“é desta forma que a teoria da evolução se mantém como a ‘melhor
explicação para a origem das espécies’: [através da negativa], da
censura, [da remoção], da intimidação e/ou da demissão de quem encontra
dados que não se ajustam à ‘verdade estabelecida’”.
No
entanto, apesar de os pesquisadores criacionistas e TDIstas terem sido
injustamente excluídos da literatura científica por muitos anos,
acredito que as expectativas futuras são positivas, em grande parte,
também, devido à observação da atual abertura científica ao diálogo,
debate e crítica.
A
propósito, alguns artigos com conceitos criacionistas têm passado pela
revisão por pares em revistas científicas seculares com as seguintes
afirmações:
1.
“A luz é extremamente importante para o ser humano, tal como afirma a
descrição bíblica em Gênesis 1 de que o primeiro ato criativo de Deus
foi para gerar luz.”[14]
2.
Em relação às dimensões da arca de Noé, “a arca seria de flutuabilidade
suficiente para suportar” todos os animais citados na Bíblia.[15]
3. “A água é uma dádiva de Deus.”[16]
Inclusive, em 2015, o periódico científico Clinical and Biomedical Research aceitou
uma carta de minha autoria, concedendo-me a oportunidade de apresentar à
comunidade científica um tema de relevância tal como o avanço das
pesquisas em design inteligente.[17]
Diante
disso, sinceramente espero que cada vez mais os editores de periódicos
científicos tradicionais mantenham a mente aberta para uma análise justa
e imparcial. Assim, os méritos científicos, tanto do criacionismo
quanto do design inteligente, dependerão, exclusivamente, de seus conteúdos.
(Everton F. Alves, NUMAR-SCB)
Referências:
[1] Buckna D. Do Creationists Publish in Notable Refereed Journals? Creation.com, 1997. Disponível em: http://creation.com/do-creationists-publish-in-notable-refereed-journals
[2]
Gentry RV. Session M's Speakers Promote Evolution and Deny Creation
Without Reference to My Widely Published Evidence of Earth's Rapid
Creation and Without Reference to My Recent Discoveries Disproving the
Big Bang: Congress Should Investigate Why They Did This. In: 2006 APS
March Meeting - American Physical Society Meeting, March 15, 2006,
Session Q1, Poster Session III, Baltimore Convention Center — Exhibit
Hall. (Abstract ID: BAPS.2006.MAR.Q1.325). Disponível em: http://meetings.aps.org/Meeting/MAR06/Session/Q1.325
[3]
Gentry RV. Collapse of Big Bang Cosmology and the Emergence of the New
Cosmic Center Model of the Universe. Perspectives on Science and
Christian Faith 2004; 56(4):266-76.
[4] Brumfiel G. Ousted creationist sues over website. Nature. 2002; 420(597): doi:10.1038/420597b.
[5] Rejected physicists instigate anti-arXiv site. Nature. 2004; 432:428-29.
[6]
Meyer SC. The origin of biological information and the higher taxonomic
categories. Proceedings of The Biological Society of Washington 2004;
117(2):213-239. Disponível em: http://www.discovery.org/a/2177
[7]
Warda M, Han J. Mitochondria, the missing link between body and soul:
Proteomic prospective evidence. Proteomics. 2008; 8(3):1-23.
[8] Randerson J. How was this paper ever published? The Guardian (13/02/2008). Disponível em: https://www.theguardian.com/science/blog/2008/feb/13/thankstocjv5040forputting
[9] Sewell G. A second look at the second law. Applied Mathematics Letters. 2011; Article in press. Disponível em: http://www.math.utep.edu/Faculty/sewell/AML_3497.pdf
[10]
Miller H, Owen H, Bennett R, De Pontcharra J, Giertych M, Taylor J, Van
Oosterwych MC, Kline O, Wilder D, Dunkel B. “A comparison of
δ13C&pMC Values for Ten Cretaceous-jurassic Dinosaur Bones from
Texas to Alaska, USA, China and Europe.” In: AOGS 9th Annual General
Meeting. 13 to 17 Aug 2012, Singapore. Disponível em: http://newgeology.us/presentation48.html
[11]
Armitage MH, Anderson KL. “Soft sheets of fibrillar bone from a fossil
of the supraorbital horn of the dinosaur Triceratops horridus”. Acta
Histochem. 2013; 115(6):603-8.
[12]
Liu M-J, et al. Biomechanical Characteristics of Hand Coordination in
Grasping Activities of Daily Living. PLoS One. 2016; 11(1):e0146193.
[13] Cressey D. Paper that says human hand was ‘designed by Creator’ sparks concern. Nature. Posted on nature.com March 3, 2016, accessed July 12, 2016. Disponível em: http://www.nature.com/news/paper-that-says-human-hand-was-designed-by-creator-sparks-concern-1.19499
[14] Hong Y, et al. Aggregation-induced emission. Chemical Society Reviews. 2011; 40(11):5361-5388.
[15] Youle O, et al. The animals float two by two, hurrah! Physics Special Topics. 2013; 12(1):1-2.
[16] Kabeel AE, et al. Solar still with condenser: a detailed review. Renewable and Sustainable Energy Reviews 2016; 59:839–57.
[17] Alves EF. Teoria do Design Inteligente. Clin Biomed Res. 2015;35(4):250-251.